sábado, 25 de agosto de 2012

Entrevista com a Bellize


Belize é um país de clima tropical e muito inconstante. Belas praias e condições propícias para furacões e inundações que podem destruir a paisagem. Essa oscilação entre o belo e o catastrófico é comum às músicas da Bellize, banda de rock formada em 2008 na cidade de São Paulo. Bellize mistura música e poesia à suavidade do violão e à agressividade das guitarras e mostra que amar não é algo ultrapassado, piegas ou clichê. Com o EP "Seja onde e como for" e o clipe da música "Aqui" lançados de forma totalmente independente, a banda mostra que o "faça você mesmo" pode dar certo e que acreditar em um sonho nunca foi um erro. 

[por Sarah Pera]

Com quatro anos de banda, vocês já devem ter passado por muitas dificuldades. Quais são os principais obstáculos para uma banda independente no Brasil?

Os obstáculos são tantos que dissertar sobre eles daria um texto enorme que não vale a pena ser escrito.
O que vale é ter em mente que o que vai fazer diferença é a sua persistência, se você acredita no seu trabalho. Nenhuma dificuldade resiste a isso.


O EP "Seja onde e como for", lançado há pouco mais de um ano, teve grande aceitação dos fãs e ajudou a banda a alcançar mais visibilidade. Continuarão trabalhando essas músicas ou já podemos aguardar um novo EP?

Ambas as coisas.
Já estávamos fechando data de gravação num estúdio para gravarmos um compacto com 4 músicas quando o Henrique (nosso ex-guitarrista) anunciou sua saída da banda.
Provavelmente hoje estas músicas novas já estariam disponíveis, se não fosse esse imprevisto.
Não temos como dar data, mas agora que o Ed (nosso novo guitarrista) está bem integrado, já estamos retomando os planos de gravações.
Enquanto isso continuaremos focados no EP "Seja onde e como for", pois sabemos que ainda há muitas pessoas que podem ser tocadas por ele.


O clipe de "Aqui" traz um pouco da história da banda. De quem foi a ideia e como foi gravá-lo?

O Pedro é um cara que se daria bem trabalhando com cinema, ele vê além. A ideia do clipe foi dele, baseado na primeira frase da música: "Um porta-retrato me lembrou tudo o que eu era e hoje sou, aqui".
Gravá-lo foi uma ótima experiência e um grande desafio por ser uma produção completamente independente, que parece ter dado certo.
O clipe é simples (e cheio de significados) feito com o intuito de transmitir nossa realidade.


O "Bellize convida" tem o propósito de levar música de qualidade à Guarapiranga, região com pouca oferta cultural. Pretendem continuar com o projeto? Que bandas ainda querem convidar?

Enquanto estivermos na ativa a intenção é ter o Bellize convida funcionando.
O que acontece é que não temos a pretensão de ficarmos na Guarapiranga a vida toda, logo o Bellize convida caminhará conosco para onde formos. Plantamos sementes na Guarapiranga e pelo que estamos vendo, com o surgimento de novas bandas, lá a música não vai parar.

Doyoulike?, Volantes, Monno, R.Sigma, Valentin, Vouten são bandas/projetos que já convidamos mas só não aconteceu por incompatibilidade de data/agenda. Não perdemos a esperança de fazer Bellize convida com todas essas bandas.


Ano passado a banda fez alguns shows no Rio Grande do Sul e Paraná. Como foi essa experiência? Pretendem visitar outros estados?

Tocar fora foi uma das melhores experiências que já tivemos. Enchemos de equipamentos um carro que nem sabíamos se ia aguentar a viagem, horas de estrada, dias muito frios, mas por fim, e felizmente, fomos muito bem recebidos em cada lugar que passamos. 
Queremos cada dia mais dessa experiência. Rio Grande do Sul e Paraná foram só o começo, ainda pretendemos tocar em todos os estados brasileiros e em muitos países.
Excursionar com sua banda é o sonho de todo jovem e aos poucos estamos realizando isso.


Recentemente, o guitarrista Henrique decidiu sair da banda. Não muito tempo depois, Ed Marques assumiu o posto e já fez seu show de estreia. Como foi sua entrada na Bellize e como está sendo a adaptação?

Facilidade de aprender é uma das qualidades que logo se nota no Ed e ele é fissurado por guitarra, então em poucos dias já sabia tocar as músicas com uma facilidade absurda. Ele é centrado, quieto e bem humorado, logo vimos que era o cara certo pra rodar por aí com a Bellize.
Com a saída do Henrique pensávamos em seguir como um trio, mas as coisas caminham como tem de caminhar e o Ed foi providencial.


O que esperam do Festival Som de Bolso?

Esse show vai ser como que "receber amigos na sala de estar de casa". Estaremos rodeados de amigos, tanto no palco quanto na platéia. Não vão faltar abraços apertados e corações alegres. E claro, muita música boa.
Soundcloud: soundcloud.com/bellize


quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Entrevista com Lebra



Eduardo Vettorato de batismo e Lebra de vocação. Aos 28 anos, e com pelo menos 13 deles dedicados à musica, Lebra compõe a trilha sonora das nossas vidas. Fala das coisas simples e marcantes da nossa caminhada. Dos amores, das incertezas, sobre o tempo e suas respostas. Com dois álbuns independentes lançados, Lebra fala sobre mim, sobre você, sobre nós, sobre o som da vida.

[por Sarah Pera]

De onde vem o apelido "Lebra"?

Vem desde que eu tinha 15 anos, um apelido concedido pelo gaiteiro bueno Nilton Mendes, pai do Mus baixista, precursor do roquenrol em Glorinha-RS. Costumávamos jogar futebol e vôlei pela rua menos movimentada da pacata cidade, a 55KM aqui de Poa. Me apelidou de Lebra pela minha altura e desenvoltura perante aos esportes de rua, batizou uma época da minha vida, porque é o nome do projeto, até mesmo pelas primeiras músicas que compus por lá na época.


Desde quando compõe? O que te inspira a fazer música?


Desde os 14. Quando damos os primeiros rabiscos na vida, algo se solta e não tem mais como parar de fazer. Cada um lida de um jeito, pra mim é uma espécie de terapia que catalisa parte de algo que me enche. A vida faz parte de uma composição, a coisa é esférica, quando tu vê, pegou um bilhete de alguém, juntou com uma coisa que estava cantando pela calçada, então é muito importante tu estar presente ou não naquele momento, por tudo isso nem sempre tudo tão real até vir parar no papel pra boca e o violão.


"Vamos queimar o tempo juntos?" traz arranjos novos para algumas músicas do seu primeiro trabalho solo, o "Euforia". Como surgiu a ideia do projeto "Lebra e a Euforia"?


Veio de uma necessidade de fazer mais barulho que um violão. Junto do Vinícius Vargas (Vini) e da Luiza Gressler (Luli), realmente conseguimos fazer um belo registro de roquenrol mesclado com um punk rock anos 90, que é o que mais embala a gente no final das contas.


Quais são os próximos planos?


Gravaremos músicas "singles" para lançar logo no lebra.art.br


Seu trabalho é totalmente independente e recentemente você lançou o selo Camomila Records. Qual a proposta do selo?


No momento lançaremos os sons dos projetos em que participarei nos próximos meses.


Bandas gaúchas como Tópaz, Doyoulike? e Apanhador Só têm ganhado cada vez mais espaço em São Paulo. O que acha dessa "invasão" gaúcha na cena underground paulista?


Não vejo como uma invasão, acho que sempre foi um intercâmbio de experiências, aquela vontade do ser humano de pegar uma estrada e compartilhar um momento de música, então vejo mais como, se está acontecendo mais seguido, que bom.



Sua vinda à São Paulo foi há dois anos. O que espera para esse retorno? Quais as expectativas para o Festival Som de Bolso?


Espero rever os amigos, comer pizza, e tocar um violão. Acho que é no bolso que guardamos os sons, atualmente com os players nano tecnológicos, o formato do festival tem tudo a ver com essa atmosfera "som de fones de ouvido", daqueles gigantes que todo mundo tá usando, é mó barato. Nos veremos por lá moçada, um abraço!



Site: lebra.art.br

Soundcloud: soundcloud.com/lebra

domingo, 5 de agosto de 2012

Entrevista com Nayara Konno


Dona de uma voz doce e cativante, Nayara Konno se mostra ao mundo na companhia de seu violão e bons acordes. Desde muito cedo, manteve uma relação íntima com a música e hoje, com dois clipes independentes gravados e músicas tocando em algumas rádios do país, a jovem cantora esbanja talento e caminha rumo ao primeiro EP.


[por  Sarah Pera]


Você esteve envolvida com música desde muito cedo. Quando começou a compor?

Comecei a compor por volta dos 15 anos de idade, época em que eu já tirava alguns acordes no violão e em que comecei a descobrir minha voz, por conta da timidez. Escrevo sobre o que penso, sinto, como vejo o mundo, e conto diversas situações que eu ou amigos já passaram. Acho que é uma das formas que mais consigo me expressar.


Que artistas e trabalhos influenciam seu trabalho?

Curto muito hardcore, MPB, erudito, pop rock, folk, rock britânico, entre outros, não me limito muito a estilos musicais. Tenho uma grande admiração pelo som de Zeca Baleiro, Pato Fu, Dead Fish, Jason, Artic Monkeys, Arnaldo Antunes, Tom Zé, Alexz Johnson, Ikimono Gakari... Nem todos transparecem no som que faço, mas essa mistura me influencia bastante na hora de criar.

Como foi gravar o clipe de "+Amor -Rancor" e "Cachorro Magro"? De quem foi a ideia dos dois clipes?

Foi uma grande alegria gravar "+Amor -Rancor", pois foi o meu primeiro clipe e pude ter a presença de grandes amigos. Não tínhamos roteiro, apenas algumas ideias como as bexigas e placas de abraços grátis. Filmamos num domingo de sol no Parque do Ibirapuera, rolou uma roda de violão, distribuímos bexigas e abraços ao pessoal do parque. Por acaso, encontramos a galera do grupo Free Hugs SP, que nos avistou com as plaquinhas e correram em nossa direção, formando uma "corrida de abraços" bem empolgante.
A ideia de fazer o clipe partiu do Cleber, que fez a produção musical, e então fomos anotando tudo o que seria interessante usarmos no clipe para passar a mensagem da música.

"Cachorro Magro" foi bem espontâneo. Eu havia passado a tarde com o Cleber e o Dobrado no estúdio, e resolvemos fazer um vídeo. Imaginei que seria como os vídeos caseiros que costumo publicar vez ou outra na internet, mas como o estúdio era um belo cenário para produzirmos aquilo, não pensamos duas vezes e fizemos algo mais trabalhado. Meia-noite gravamos o áudio de violão e voz num canal só, filmamos vários takes em uma das salas do estúdio que tinha a iluminação diferente e já partimos para a edição, que terminou às quatro da madrugada. Acabados e sonolentos, deixamos o vídeo subindo no YouTube, capotamos e lançamos pela manhã. A resposta do público foi ótima. Temos planos de fazer um clipe oficial no futuro.

Temos uma cena emergente para a "nova MPB", acha que seu trabalho se encaixa nessa definição? 

Talvez, pois é difícil se encaixar numa coisa só. A "nova MPB" está trazendo um leque de artistas bem diferentes, se destacando e ganhando mais espaço. Acho que não tem um padrão específico nessa cena, e que por hora o tal "padrão" venha a ser essa diversidade de sons, sem perder as características da música brasileira. Se a "nova MPB" for algo assim, eu diria que se encaixa sim. Mas sempre me pergunto isso, rs. 

Você começou a se mostrar a partir de versões de músicas conhecidas e de artistas independentes. Pretende continuar ou quer explorar mais seu trabalho autoral?

Gravar versões sempre foi uma espécie de laboratório para mim, mudando arranjos, detalhes, e adicionando instrumentos diferentes, como uma espécie de customização. Então não pretendo abandoná-las, mas a atenção maior será para o material autoral.

Quais são suas próximas metas?

Gravar mais um clipe esse ano, lançar um EP assim que possível, e fazer mais shows por São Paulo e em outros estados.

O que espera do Festival Som de Bolso?

Será uma boa troca de experiências nesse encontro musical de paulistas e gaúchos. Acho que o festival só tem a reforçar a nossa cena independente! Estou ansiosa! :)

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