terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Entrevista com Marcelo Perdido



Mais do que ser apresentado como um artista, Marcelo Perdido deve ser observado como um trabalhador. Tendo nas experiências musicais um complemento ao esforço cotidiano – que está longe de se relacionar exclusivamente com a música -, o músico “paulistano” encontra no uso de pequenas melodias e versos brandos um refúgio. Não por acaso a busca por uma clareira criativa parece dar título e movimento lírico ao primeiro invento solo do músico, Lenhador (2014, Independente). Um registro pontuado pela singeleza dos arranjos, mas alimentado em essência pelo esforço dos sentimentos, temas e toques amargurados de desamor.

[por Cleber Facchi]


Como foi o encerramento das atividades com a hidrocor e a transição para o trabalho solo?

Foi algo natural, a hidrocor tinha uma alegria e uma inocência que aos poucos não me representavam mais tanto.
As músicas do primeiro disco da hidrocor foram escritas durante uma fase grande de tempo, do começo dos meus 20 anos. Senti necessidade de cantar e compor novas coisas.

Seu trabalho mais recente, Lenhador, traz letras mais melancólicas e intimista se distanciando um pouco da hidrocor. Isso ajudou a firmar sua imagem e identidade musical no trabalho solo?

É muito cedo para falar assim, eu comecei minha carreira solo em abril do ano passado ao lançar o disco Lenhador, acho que com outros discos lançados que vou poder "firmar uma identidade musicial", por enquanto me preocupo apenas em fazer as músicas, respeitando o jeito que elas nascem, por isso algumas são melancólicas, outras nem tanto.

Em tempos de muitas curtidas e pouca presença em shows, como você avalia o cenário independente atual e quais seus planos e projeções para 2015?

A internet ajuda muito na divulgação de um projeto artístico, mas é um campo virtual, para um artista em começo de carreira como eu, é preciso entender e lidar com essa virtualidade. Não posso me empolgar com número de curtidas ou um comentário "Venha para Recife", pois não existe uma exatidão com o que falamos na internet e o que fazemos de verdade, na internet somos mais simpáticos, amorosos. Ir á um show é muito mais difícil hoje em dia pela quantidade de opções que cada um tem para ocupar seu tempo, as vezes um evento que eu toco está acontecendo ao mesmo tempo que outros shows, a uma estreia de seriado, ou uma tarde de sol que dá vontade de ir na piscina. A verdade é meio essa, enquanto ir á um show não for prioridade na vida das pessoas elas talvez deixem de ir a muitos, pois estão fazendo outras coisas. Em São Paulo tenho acompanhado a crescente onda de visita a exposições, filas enormes. Isso é lindo, muito pela qualidade das atrações que tem sido trazidas, mas muito também pela formação desse costume, que está recomeçando. Não sei bem avaliar o cenário independente, acho que mais do que nunca é preciso entender melhor o consumidor de música do que quem faz música em si. Quero esse ano continuar meu trabalho, lançando um segundo disco.

Sua apresentação nesse domingo conta com a participação especial da cantora Zá. Qual a relação musical entre vocês? 

A Zá é uma grande amiga, ela também está começando sua carreira, já tem um disco lançado e agora lançou alguns singles. Nosso elo musical é o produtor Felipe Parra, ele produziu nossos discos.

Você já pode ser considerado veterano no Festival Som de Bolso, tendo participado da primeira edição com a hidrocor. Qual sua expectativa para essa edição?

Acho que vai ser um ótimo show, eu particularmente gosto de tocar aos domingos e em horários mais cedo. E por ser um festival, o público que estiver aberto a conhecer novos sons poderá se entreter por algumas horinhas!

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