Mais
do que ser apresentado como um artista, Marcelo Perdido deve ser observado como
um trabalhador. Tendo nas experiências musicais um complemento ao esforço
cotidiano – que está longe de se relacionar exclusivamente com a música -, o
músico “paulistano” encontra no uso de pequenas melodias e versos brandos um
refúgio. Não por acaso a busca por uma clareira criativa parece dar título e
movimento lírico ao primeiro invento solo do músico, Lenhador (2014,
Independente). Um registro pontuado pela singeleza dos arranjos, mas alimentado
em essência pelo esforço dos sentimentos, temas e toques amargurados de
desamor.
[por
Cleber Facchi]
Como foi o encerramento das atividades
com a hidrocor e a transição para o trabalho solo?
Foi
algo natural, a hidrocor tinha uma alegria e uma inocência que aos poucos não
me representavam mais tanto.
As
músicas do primeiro disco da hidrocor foram escritas durante uma fase grande de
tempo, do começo dos meus 20 anos. Senti necessidade de cantar e compor novas
coisas.
Seu trabalho mais recente, Lenhador,
traz letras mais melancólicas e intimista se distanciando um pouco da hidrocor.
Isso ajudou a firmar sua imagem e identidade musical no trabalho solo?
É
muito cedo para falar assim, eu comecei minha carreira solo em abril do ano
passado ao lançar o disco Lenhador, acho que com outros discos lançados que vou
poder "firmar uma identidade musicial", por enquanto me preocupo
apenas em fazer as músicas, respeitando o jeito que elas nascem, por isso
algumas são melancólicas, outras nem tanto.
Em tempos de muitas curtidas e pouca
presença em shows, como você avalia o cenário independente atual e quais seus
planos e projeções para 2015?
A
internet ajuda muito na divulgação de um projeto artístico, mas é um campo
virtual, para um artista em começo de carreira como eu, é preciso entender e
lidar com essa virtualidade. Não posso me empolgar com número de curtidas ou um
comentário "Venha para Recife", pois não existe uma exatidão com o
que falamos na internet e o que fazemos de verdade, na internet somos mais
simpáticos, amorosos. Ir á um show é muito mais difícil hoje em dia pela
quantidade de opções que cada um tem para ocupar seu tempo, as vezes um evento
que eu toco está acontecendo ao mesmo tempo que outros shows, a uma estreia de
seriado, ou uma tarde de sol que dá vontade de ir na piscina. A verdade é meio
essa, enquanto ir á um show não for prioridade na vida das pessoas elas talvez
deixem de ir a muitos, pois estão fazendo outras coisas. Em São Paulo tenho
acompanhado a crescente onda de visita a exposições, filas enormes. Isso é
lindo, muito pela qualidade das atrações que tem sido trazidas, mas muito
também pela formação desse costume, que está recomeçando. Não sei bem avaliar o
cenário independente, acho que mais do que nunca é preciso entender melhor o
consumidor de música do que quem faz música em si. Quero esse ano continuar meu
trabalho, lançando um segundo disco.
Sua apresentação nesse domingo conta com
a participação especial da cantora Zá. Qual a relação musical entre
vocês?
A Zá
é uma grande amiga, ela também está começando sua carreira, já tem um disco
lançado e agora lançou alguns singles. Nosso elo musical é o produtor Felipe
Parra, ele produziu nossos discos.
Você já pode ser considerado veterano no
Festival Som de Bolso, tendo participado da primeira edição com a hidrocor.
Qual sua expectativa para essa edição?
Acho
que vai ser um ótimo show, eu particularmente gosto de tocar aos domingos e em
horários mais cedo. E por ser um festival, o público que estiver aberto a
conhecer novos sons poderá se entreter por algumas horinhas!
Links:
Soundcloud:
https://soundcloud.com/marceloperdido
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