domingo, 29 de julho de 2012

Entrevista com a Dois a Rodar

Mais que uma dupla, são dois que se completam. Com Nathalie Reis ao violão e Ricardo Alves na percussão, a Dois a Rodar faz um som acústico capaz de agradar até os ouvidos daqueles que não abrem mão dos riffs de guitarra. Alternando os vocais, a dupla de Porto Alegre chama atenção pela simplicidade do som e pela sensibilidade contida nas letras. 

Em entrevista ao blog Som de Bolso, os músicos falam do início do projeto, principais influências e o que pensam para o futuro.
[Foto por Neko Oliveira]
[Entrevista por Sarah Pera]


Por que "Dois a Rodar"?


A ideia do nome vem de uma música do Ludov, banda paulistana da qual nós gostamos muito. Mas, antes de tudo, porque somos dois. Simples assim. A proposta da banda é ter essa estrutura musical um pouco mais minimalista, e o nome, por causa disso, cai como uma luva.

Como nasceu o projeto?


Tocávamos juntos em outra banda (que nunca saiu da garagem), e, no início dos ensaios, como nós dois quase sempre éramos os primeiros a chegar, tocávamos bastantes coisas de improviso, e músicas de bandas que eram comuns ao nosso gosto, mas não ao resto da banda. Quando a banda se separou, a vontade de tocar falou mais alto pra nós dois, e foi só questão de tempo até preparar canções próprias e versões pra músicas que nós sempre gostamos nesse formato mais intimista de violão e percussão.

Quais são as influências da banda?


Muita coisa. A gente tem muitos gostos em comum, principalmente dentro da música nacional contemporânea. Gostamos demais de Marisa Monte, Arnaldo Antunes, Los Hermanos, e de várias bandas e músicos do pop/rock nacional das últimas décadas, e também de muita MPB um pouco mais "canonizada", como Caetano Veloso, Chico Buarque, Tom Zé e Elis Regina.

Vocês estiveram envolvidos em projetos anteriores à "Dois a Rodar". Isso contribui de forma positiva? Quais as dificuldades que um recomeço apresenta?

Nós mal nos conhecíamos quando começamos a tocar juntos na nossa banda antiga, há quatro anos, mas a compatibilidade musical, por assim dizer, falou mais alto do que tudo. Quando decidimos fazer o nosso som juntos, apenas nós dois, houve muita preparação na hora de criar os arranjos, não só para as composições de nossa autoria como para as versões que nós pretendíamos incluir nos shows. Sem dúvida a experiência de ter tocado junto (e o passado musical de cada um, mesmo com influências diferentes) contribuiu bastante.

Como funciona o processo de composição e que mensagem se propõem a passar com suas músicas?

(Ricardo) Salvo poucas exceções, as músicas são compostas por mim. Boa parte das canções tem um pouco de influência direta das minhas experiências e memórias, mas nunca de uma forma específica. A ideia principal sempre foi compor coisas com as quais as pessoas podem se identificar de alguma forma, mas que também são significantes pra gente na hora de cantar e tocar. A música sempre foi uma linguagem universal, e, dentro do nosso nicho e da nossa língua, nós tentamos falar de temas que as pessoas conseguem se reconhecer, ou criar uma interpretação paralela que se encaixe nas suas vidas de algum jeito.

Quais são as projeções da banda? Já podemos aguardar pelo EP?

Nós ficamos um bom tempo sem tocar juntos, então precisamos "desenferrujar" um pouco. Fizemos algumas apresentações nas últimas semanas e temos mais algumas programadas para antes do festival em São Paulo. Ainda assim, até o fim do ano também pretendemos gravar algumas músicas em estúdio. Por enquanto, há os vídeos que nós gravamos em casa, além das gravações de shows. A ideia é seguir tocando de vez em quando, compondo bastante e aperfeiçoar o repertório de músicas próprias já existentes.

Qual a expectativa para o Festival Som de Bolso?

(Ricardo) A Nathi nunca foi a São Paulo, e eu fui apenas como "turista". A ideia de tocar em outro estado e conhecer pessoas com as quais só temos contato virtualmente é maravilhosa. Esperamos que todos lá, bandas e plateia, tenham um ótimo dia, e que cada músico disposto a mostrar o seu trabalho dê o seu melhor para fazer desse festival uma data memorável. Além disso, a vontade de fazer um show apenas com canções próprias é muito grande. É um sonho realizado, mas mais do que isso, um passo importante nessa caminhada que a gente está apenas começando.